Agricultura

A actividade agrícola é a base de todo o projecto.

Será a principal fonte de receita e, não menos importante, a garantia de uma auto-suficiência alimentar.

Ao assumir que o projecto se regerá pelos princípios da Permacultura, deveremos respeitar algumas condições:

a) Promover o máximo de biodiversidade possível sem recorrer a produtos químicos de síntese

Será a biodiversidade que garante o controlo pragas, doenças e infestantes. As várias espécies colocadas – que obedecerão a uma lógica de espécies locais, e que funcionem bem em consociação – irão elas próprias impedir o crescimento de organismos indesejáveis (sejam animais ou plantas) ou atrair outros organismos, normalmente insectos predadores daqueles que são indesejáveis.

Assim, deveremos aumentar o usual espaçamento entre linhas para as culturas de pomar – como os mirtilos, groselhas etc. O normal é ser utilizado o espaçamento entre plantas na mesma linha de 1,5m por 2m entre linhas paralelas. Iremos utilizar o espaçamento de 3m entre linhas de forma a: poder cultivar algumas espécies nesse 1m adicional – como cereal consociado com leguminosas por exemplo. Ao fazê-lo estamos em condições de garantir algum alimento, mas também produzir estrume verde.  Depois das colheitas, toda a matéria orgânica que não se aproveite, ie, tudo à excepção do grão no caso do cereal, será devolvida à terra. Essa «palha» cobrirá o solo mantendo com maior facilidade o seu nível de humidade e matéria orgânica, o que promove um aumento da fauna benéfica do solo – sejam minhocas que melhoram do ponto de vista do aumento da matéria orgânica, e arejamento, sejam micro-organismos como o rizhobium, fixador de azoto no solo.

O solo será analisado regularmente e verificado o seu estado e suas carências, também em função das culturas instaladas. Assim poderemos adaptar as plantas a instalar em função da sua composição química, para depois de cortadas e deixadas no solo, dispensarem qualquer necessidade de utilização de adubos de síntese.

Da mesma forma o controlo de pragas, doenças far-se-á da mesma forma. Ou seja, colocando espécies que irão atrair predadores das espécies nocivas. Por exemplo o caso das plantas da família das umbelíferas (malmequeres por exemplo).

b) Gerir os recursos disponíveis de forma sustentável

– Solo: além do já descrito anteriormente, seguir-se-á as mais recentes recomendações académicas quanto à mobilização mínima do solo. Ou seja, não se irá lavrar o solo, nem revolvê-lo de qualquer forma. Isso tem prejuízos relativamente à fauna microbiana e alterações profundas da sua estrutura. Esta prática é defendida na Permacultura há várias décadas com produtividades mais elevadas.

– Água: teremos recurso a água existente no rio Pônsul, no entanto existe um custo energético associado. Devemos saber gerir de forma adequada a água disponível. Devemos saber retê-la em locais estratégicos como os pontos de cota mais elevada e enfiamento das linhas de água. O sistema de gestão de recursos hídricos projectado tem tudo isso em conta.

– Área cultivável: deverá ser efectuado um plano em que define as áreas de produção, mais intensiva, menos intensiva, e as áreas que servirão como santuários. Nestas últimas, o objectivo é manter as características originais do terreno de forma a promover a biodiversidade.

A actividade agrícola com vista a gerar receita, será de dois tipos distintos:

1.  Pequenos frutos: mirtilo, groselha, amora e framboesa

2.  Cogumelos: variedades com valor acrescentado tipo shiitake

A actividade com vista à auto-suficiência alimentar e fertilização solo

a) Cereais: trigo, aveia, cevada, centeio, arroz

b) Leguminosas: feijão, grão, lentilhas, soja

c) Plantas de sacrifício (plantas destinadas a servir de alimentação de pragas): cerejeiras

d) Plantas que atrairão insectos benéficos: umbelíferas,

e) Outras culturas com potencial de venda: aromáticas, flores (ar livre), fruta, frutos secos

Concluindo, esta forma de encarar a actividade agrícola, terá vantagens claras a partir do médio prazo:

– diminuição dos custos de produção, pela não utilização de adubos, pesticidas  etc

– diminuição de operações com máquinas pesadas

– aumento das produções, pela aplicação dos princípios da Permacultura e, ao mesmo tempo, produção de alimentos de alta qualidade e pureza.